Porque sem ele, não teríamos saído da Idade da Pedra. Com amor, respeito e opinião tudo se resolve, tudo evolui...

07
Jun 14

Este blog, criado já há tantos anos e em que ainda nem sonhava emigrar, está cada vez mais a transformar-se num blog de leitura.

Adoro ler. Uma das coisas que nos mantêm em contacto com a língua portuguesa, coisa que se vai esquecendo aqui e ali com uma ou outra palavra ou significado. A televisão, que graças à tecnologia é possível ver por outros países, cada vez menos atrai o telespectador, tais são os programas de baixo nível que vão passando nos canais portugueses. Infelizmente, também os da Holanda não são muito atractivos. Tirando um ou outro documentário, a visualização não passa de uma ou outra série ou filme, que também vão sendo repetitivos. Geralmente os melhores e mais recentes passam nos canais que pertencem aos pacotes de cinema, onde se paga um extra para os ver e como não estou virado para capitalismos e consumismos desenfreados, prefiro um livro, que me leva a viajar pelo passado e pelas histórias dos protagonistas contadas pelos autores.

Bom, mas adiante. Vamos ao que interessa.

 

 

Ironicamente, tenho-vos a apresentar um livro em inglês, "How To Be Orange" de Greg Shapiro.

Greg é um comediante norte-americano, naturalizado holandês, conhecido pelos seus espectáculos de stand-up e alguns papeis em séries holandesas.

Os que imigram para a Holanda conhecem as dificuldades e os caminhos de assimilação da cultura holandesa, incluindo o famoso "inburgeringcursus" oficial. Pois neste livro Greg Shapiro conta a sua visão sobre a cultura holandesa, tal como o percurso para obter a cidadania holandesa, e a sua comparação com a americana... as divertidas comparações com a sociedade americana e também com algumas das dezenas que se encontram na Holanda.

A estrutura do livro é quase como um espectáculo de comédia stand-up. Divertido de ler, leve, engenhoso e, admirem-se, consegue ensinar algo sobre a sociedade holandesa. Uma sátira à sociedade holandesa... e ás nossas, que consegue dizer algo mais sobre a Holanda que o próprio trajecto de assimilação da cultura holandesa.

 

Para quem entende inglês e está na Holanda ou gostaria de a conhecer ao nível da sociedade, sem dúvida uma leitura a não perder.

How To Be Orange , Greg Shapiro

publicado por Alvaro Faustino às 19:12

04
Mai 14

 

Nada melhor do que acabar este livro no Dia da Mãe. Padeira de Aljubarrota leva-nos a uma viagem à Idade Média portuguesa, até à crise de sucessão portuguesa e à batalha final contra Castela em 14 de Agosto de 1385.

Antes de tudo, leva-nos igualmente numa viagem à lenda da Padeira de Aljubarrota. Mais do que um conto, é uma história que coloca um rosto e corpo a esta heroína portuguesa. Dá vida, corpo e alma a uma quase desconhecida mulher da nossa História.

O livro não deixa de ser um romance escrito por Maria João Lopo de Carvalho, mas baseia-se sempre que possível em factos históricos e verídicos desta época.

 

O romance começa na infância das personagens principais, ainda no tempo de D. Fernando I e de seus amores por D. Leonor Teles e caminha a partir daí entre as intrigas e traições de Reis e Rainhas de Portugal e Castela. Pelo caminho vamos conhecendo os personagens que dão corpo ao romance, entre os quais como é evidente, a própria padeira e demais pessoas que vão aos poucos aparecendo na sua vida. Desde o próprio Mestre de Avis que seria coroado D. João I depois desta crise sucessória, mas também D. Beatriz, Infanta de Portugal, passando por Nun'Alvares, O Santo Condestável, herói nas batalhas contra Castela, entre outros conhecios e desconhecidos na nossa História. 

Vamos também nos apercebendo que todos estão de certa forma ligados entre si mas que isso não impede de serem inimigos e amantes, traidores e lutadores por causas diferentes.

 

Por ponto negativo, considero apenas a pouca substância dada à Batalha de Aljubarrota a 14 de Agosto de 1385. Acho a parte final do romance pouco desenvolvida para aquilo que fomos ansiando desde o inicio, não só por ser um dos acontecimentos históricos mais importantes para o nosso país, mas também e porque isto não se trata apenas de História de Portugal pura, porque também estamos a falar do acontecimento que deu nome e lenda à Padeira de Aljubarrota, que com a sua pá matou sete inimigos castelhanos na pequena aldeia perto de Alcobaça.

 

Ler este livro é enaltecer a nossa mãe, a nossa esposa, a nossa filha, avó ou tia. É enaltecer a mulher portuguesa, de armas e coração, coragem e amor.

 

"Ler é viajar, conhecer e sonhar" por Álvaro Faustino.

 

publicado por Alvaro Faustino às 19:35

04
Ago 13

 

Ainda não e o caminho para lá é longo, sinuoso e utópico, mas não deixará de ser bom pelo menos tentar.

É com esta obra de Pedro Miguel Rocha que viajamos entre Inglaterra e a Galiza para salvar um livro, um simples livro, capaz de nos salvar das garras capitalistas em que estamos mergulhados.

 

Depois da leitura desta obra, fiquei com a ligeira impressão de que estão aqui descritos alguns obstáculos vividos pelo autor na publicação do seu primeiro livro "Juntos Temos Poder", igualmente a minha escolha literária de 2012, que misturado com a sua imaginação para a escrita, foi criador deste segundo livro.

É um livro utópico mas no fundo real, pois acabar com o Mundo capitalista não é fácil. A luta contra as grandes corporações económicas e hábitos de consumo já criados parecem ser uma luta desigual e sem vitória à vista. Coloca-se também em causa a veracidade das notícias que nos chegam, a verdadeira agenda por detrás das politicas e as verdadeiras razões para os produtos de grande consumo e os negócios milionários de hoje em dia. Tal como diz no inicio do seu livro, para compreender e sentir este livro deve:

1- Duvidar do Presente.

2- Questionar o Futuro.

3- Desejar, fortemente, voltar a vivenciar o Passado.

A única forma de vitória será, cada um de nós, mudar de hábitos de consumo. Um por um é possível criar alguma mudança.

 

Ser diferente não é necessariamente uma coisa má. Contra o preconceito capitalista criado para com pessoas que não andam atrás de modas e dos últimos gritos tecnológicos, também foi criado este livro. Não temos a última versão do novo telemóvel? E qual é o problema? Precisamos dele verdadeiramente? Não usamos o último grito na moda de sapatilhas? E qual é o problema? As que usamos não estão em bom estado e perfeitamente capazes de durar mais uns meses? Vivo assim desde que me conheço. Compro quando preciso. Ando com as mesmas sapatilhas, anos a fio, até romperem. Ando com o mesmo telemóvel, anos a fio até não funcionar mais. Não tenho necessidade nenhuma de ter as ultimas versões de coisa nenhuma. Contra este tipo de moderno preconceito, também foi criada esta obra.

 

Pontos a favor. O livro é um quebrar de correntes e falsas liberdades em que vivemos no Mundo. Impute-nos o sonho e a liberdade que ainda temos capacidade de os realizar. Desperta a capacidade adormecida que nós, consumidores desenfreados, temos dentro de nós para romper hábitos nocivos de consumo.

Pontos contra. A visão utópica continua presente nas suas obras de uma forma bem explicita. Não será uma visão necessariamente má, pois a modernidade não trouxe só coisas ruins. Como história e romance, leva-nos a pensar duas vezes antes de agir contra o sentido dos hábitos de consumo, pois o fim não é necessariamente feliz para as personagens. Mas no fundo, não seria assim na vida real?

 

Chegamos a Fisterra, de Pedro Miguel Rocha,

Edições Ecopy - Colecção Prosadores Contemporâneos,

Outubro 2010.

 

Boas leituras. 

publicado por Alvaro Faustino às 16:05

 

Foi com ansiedade que esperei a chegada do momento de lançamento desta obra de Dan Brown. E com rapidez o adquiri e o li de inicio ao fim.

Os primeiros capítulos foram surpreendentemente misteriosos. Foi um dos melhores inícios de um livro que li. O mistério e a surpresa estiveram sempre presentes. Só ao longo da história se foi percebendo aos poucos o que tinha acontecido a Langdon no inicio. Os capítulos do meio do livro foram viagens virtuais a Florença e Veneza. A descrição dos locais é tão real e precisa que parece que nos fazem estar nas praças, ruas, museus e monumentos das cidades, vivendo com os personagens, a história e o mistério.

 

Durante todo o livro somos levados a crer num desfecho. As várias referências à peste leva-nos a acreditar que algo de sinistro e maléfico foi preparado mas é no fim, nos capítulos finais que nos apercebemos que o mal que julgávamos estar a ser preparado para acabar com a Humanidade, não passa de facto, de uma tentativa de a salvar do auto-colapso. Desta vez Langdon não consegue evitar o cumprimento do plano, mas ao contrário do que nos foi levado a pensar ao longo do livro, este não visa acabar com a Humanidade nem sequer é a doença, tantas vezes referenciado na obra.

 

Temos depois o factor histórico. Ficamos a conhecer mais um pouco de Dante e da sua obra, A Divina Comédia. As pinturas alusivas a esta obra. As obras de arte e seus reais significados. E que depois da mortandade que foi na Europa devido à peste, nasceram as maiores mentes do Renascimento.

Existe apenas mais um mistério neste livro e este não é revelado. De nome "O Consórcio" na obra, ficamos a conhecer esta empresa real, com escritórios em sete países, que tem como missão o engodo, a mentira e o esconder a quem contratar os seus serviços.

 

Pontos a favor, como já referi acima, o misterioso inicio com Langdon no hospital e com a médica que o ajuda a fugir dos perigos. As descrições das cidades e locais por onde passa e pequenas referências a Portugal e Holanda, países com que tenho ligação e que me estão no coração. A escrita em si, que nos leva a pensar que um cataclismo global está prestes a rebentar e que afinal... é a salvação futura da Humanidade.

Mas tem pontos contra. As descrições das cidades e locais são bastantes explicitas mas também em demasia e longas, fazendo esfriar o mistério que o livro tem de inicio ao fim.

 

Como ponto final em relação ao livro "Inferno", só posso dizer que considerei o melhor livro escrito por Dan Brown. E que se Hollywood mantiver a fidelidade nos seus filmes, será sem dúvida a melhor sequela depois de "O Código Da Vinci" e "Anjos e Demónios".

 

Boas leituras.

publicado por Alvaro Faustino às 12:13

14
Jul 13

 

Papa, não como pai mas sim como Santo Padre. Sim, o bacano que está no Vaticano.

 

A Filha do Papa, de Luís Miguel Rocha, leva-nos a uma viagem pelo mundo menos conhecido do Vaticano. O enredo está de tal maneira bem conseguido e estruturado que só e apenas no final ficamos a conhecer a verdadeira mente do plano. Ao longo do livro vamos viajando pelas ruas de Roma e outras cidades, de tal maneira bem descritas que parece mesmo que estamos a ver um filme e não a ler um livro. É um livro carregado de suspanse e mistério, onde todos, de uma forma ou de outra, escondem segredos e verdades que abalariam com os alicerces da Santa Igreja. Ninguém é aquilo que parecemser. Assassinos, conspiradores, traidores, culpados e inocentes, todos se envolvem numa conspiração que parece não fazer sentido. Apenas ao ler os últimos capítulos o leitor começará a juntar as peças do puzzle e a entender tudo o que tem lido até aí.

 

Embora seja um escritor português bastante apreciado nos Estados Unidos, para mim, confesso, foi a primeira vez e uma boa surpresa de tal maneira que seguramente que fiquei fã. Este tipo de escrita, o romance policial, com conspirações, segredos e de alguma forma revelações, são os meus ingredientespreferidos na leitura. Espero assim ansiosamente por mais uma obra deste escritor, para que me possa deliciar com a sua escrita, personagens e enredos misteriosos, pois parece que este escritor tem um contacto bem interessante dentro das paredes do Vaticano que lhe vai passando algumas informações, permitindo-lhe assim criar estas fantásticas histórias sobre a vida secreta desta instituição milenar e mundial...

Ou não serão mesmo histórias?                

 

Boas leituras. 

publicado por Alvaro Faustino às 20:48

16
Jun 13

 

Numa cabana se encontra a perda, a dor e a morte e mais tarde na mesma cabana, o amor, alegria e perdão. Missy de 5 anos é a heroína silenciosa deste livro e depois de um fim de semana com os irmãos e o pai, perde a vida numa cabana ás mãos de um "serial killer".

O pai entra numa depressão imensa que dura 4 anos e ao fim desse tempo, num dia de Inverno e forte queda de neve, recebe uma carta escrita por... Deus.

Depois de muito pensar se seria uma brincadeira de mau gosto ou mesmo uma armadilha do assassino, decide mesmo assim encontrar-se com quem supostamente seria Deus. E eis a surpresa ao encontrar-se com a Santíssima Trindade e a aprendizagem do amor, perdão e dele próprio.

 

Este é um livro capaz de fazer correr lágrimas pelas faces dos mais sensíveis e alterar o espírito dos mais fortes. É um livro que toca no fundo da alma através da dor, mas também do amor. Ajuda a entender Deus e a sua obra. A vida e o perdão. E que oMundo dá muitas voltas e que o futuro é aquilo que Deus nos reserva, muito maior do que possamos imaginar. Engloba a família e os irmãos de Missy, que se mostram diferentes do que era habitual. Irá perceber o porquê. Engloba o próprio assassino e do acto de amor que o pai de Missy aprendeu nestes dias na cabana: o perdão. E acima de tudo, reencontra a pequena Missy e aprende o caminho para chegar a ela.

 

A história é verídica, contada através de um amigo da família. Se é real ou não, apenas a crença de cada um o dirá, mas independentemente da crença de cada um, o livro, as personagens e a história, fará abalar a fé mais forte e mais fraca. O final do livro revela uma surpresa até ao próprio personagem, culpa da relatividade do tempo ás mãos do Espírito Santo e que nos coloca a dúvida. Mais uma vez não há provas nem certezas, apenas histórias e relatos de acontecimentos que na mente de quem os passa são reais, dos que ouvem e lêem serão aquilo que o próprio entender mediante a sua fé. Uma coisa é certa, a Missy é encontrada pelo pai e pela polícia. 

Mais não conto, cada um que tire as suas ilações depois da leitura.

 

Boas leituras.

 

publicado por Alvaro Faustino às 16:49

04
Jun 13

 

 

O Manuscrito Encontrado em Accra de Paulo Coelho, foi esperado ansiosamente e verdadeiramente correspondido ás minhas expectativas. De fácil leitura, conta-nos a conversa dada por Copta, um grego exilado em Jerusalém em vésperas de uma batalha contra os Cruzados. Homens, mulheres e religiosos de todos os credos ouvem atentamente as suas palavras e o seu conselho para que os acontecimentos não sejam esquecidos pelo tempo. É assim que nos chega neste ano de 2013 a história deste manuscrito que relatam os acontecimentos passados em 1099.

 

Um livro que transmite força ao longo dos vários temas que aborda. Vida e morte, derrota e medo, perda e solidão, lealdade e fé, amor e futuro e que, tal como é comum neste autor, tem muitas frases dignas de figurarem como parábolas dos grandes filósofos gregos, aliás, uma das principais razões de me apaixonar por suas obras. É um livro digno de ser estudado, tal é a riqueza de pensamentos sobre princípios de vida e da Humanidade. Para quem gosta deste tipo de livros mais filosóficos é de leitura obrigatória e um óptimo presente para quem está a passar pelas batalhas, lutas ou períodos mais difíceis na sua vida.

Um livro para se ler sozinho, na calma da noite, à baixa luz do candeeiro para que consiga absorver bem as palavras, conselhos e ensinamentos deste Copta de 1099, em Jerusalém, em vésperas do que provavelmente terá sido a sua morte e a luta daquele povo.

 

"Os derrotados são aqueles que não fracassam. A derrota faz-nos perder uma batalha ou uma guerra. O fracasso não nos deixa lutar."

"A derrota surge quando não conseguimos algo que queremos muito. O fracasso não nos permite sonhar."

"A derrota tem um final quando nos empenhamos num novo combate. O fracasso não tem final: é uma escolha de vida."

 

Boas leituras pessoal.

publicado por Alvaro Faustino às 21:02

26
Mai 13

 

É este o titulo de mais uma obra lida de Pedro Miguel Rocha. Um livro pequenino que se lê em algumas horas, mas com uma história fantástica de um homem que se afasta da sociedade devido aos problemas que lhe aparecem na vida. O enredo é curto mas tem muito que se lhe diga, desde uma traição mal explicada da sua esposa, à morte da sua filha no estrangeiro e a uma história mal contada sobre a vida de sua filha e com segundas intenções, terminando numa acusação de homicídio. A acção passa-se na Galiza mas durante a leitura viajamos também ao Porto, local onde o nosso personagem viveu e partiu para estar na solidão de um rochedo em frente ao mar. Assim se passam 15 anos até que a vida lhe reserva um inesperado futuro.

 

Para além de uma história de intriga e solidão, mais uma vez é um livro que transpira amizade e esperança nos humanos e que põem em causa as coisas que realmente são mais importantes na nossa existência neste Mundo. Esta parece ser aliás, o estilo de escrita de Pedro Miguel Rocha. Primeiro leva-nos para um cenário, que embora fictício, representa de algum modo o nosso dia a dia, com todos os seus problemas, preocupações e prioridades mas que mesmo assim consegue transmitir a esperança de um Mundo melhor. Esperança na Humanidade, na mudança de estilo de vida e prioridades para um Mundo mais justo e melhor. E este é um livro que nos torna eremitas na nossa própria mente e que nos alimenta com força de vontade para mudar o futuro. O primeiro passo para uma mudança de mentalidade e de tipo de sociedade reside em nós mesmos.

 

Não posso deixar de agradecer ao próprio autor, a oferta que foi este livro sem sequer nos conhecermos pessoalmente. Um gesto real e de amizade, digno da lição que nos transmite nos seus textos e nas suas obras, numa altura difícil e de luta na minha vida. Mais uma vez, o meu obrigado e as minhas palavras a esta sua obra que guardarei com estimado e especial carinho.

 

Boas leituras.

publicado por Alvaro Faustino às 16:15

20
Mai 13

 

Uma Burqa Por Amor de Reyes Monforte, conta-nos a história real de Maria, uma espanhola a viver em Londres e que casa por amor louco com um afegão. O decorrer da vida leva-a ao Afeganistão por três vezes onde tem os dois filhos, num país sem sistema de saúde e onde a mulher não pode recorrer aos médicos, nem sequer praticar a medicina ou a enfermagem. Uma história verídica onde a mim me mostra que as decisões tomadas com o coração nem sempre são as melhores. Embora não tenha sofrido directamente com o regime talibã na altura, excepto a aceitação das leis e da burqa, conheceu a sogra e uma vida miserável na aldeia do marido. Pior que os talibãs, talvez mesmo uma sogra que nunca a aceitou totalmente e de tudo fez para lhe dificultar a vida e a dos filhos.

Não sairia do país sem a companhia do seu marido e nem o podiam fazer mesmo que o quisessem pois numa das viagens ao país foram-lhes roubados os passaportes e o dinheiro na fronteira com o Paquistão, impedindo assim Maria de voltar a Espanha. Passou assim dois anos presa no país, ás mãos de uma sogra cruel, sem dinheiro e documentos, na miséria e trabalhos pesados. Passou pela guerra na aldeia e pelo regime apertado dos talibã em Cabul, onde conseguiu a muito custo e com a ajuda de uma irmã e de um polícia espanhol na Embaixada os tão desejados documentos para ela e para os filhos... apenas para eles, tendo de deixar o marido para trás por ser afegão. O seu regresso a Palma de Maiorca apenas durou dois meses, regressando de novo ao Afeganistão com os dois filhos para estar ao pé do seu marido de quem não conseguia estar separada e para o tentar ajudar, mas as dificuldades voltaram e depois de um ano de novo nesta vida miserável,de novo sem dinheiro para voltar e grávida do terceiro filho, não conseguia ajudar o seu marido e então, com a ajuda de uma ONG e de um empresário de Palma, conseguiu de novo regressar a Espanha onde acabou por abortar aos 5 meses de gestação devido a complicações e uma grave infecção. Mais tarde e com a mesma ajuda da ONG, reencontrou o seu marido em Espanha.

 

Todas as decisões tomadas por Maria foram tomadas com o coração, o que a levou por três vezes a cometer o mesmo erro. Sim, o amor é importante e deve ser tomado em conta numa relação, mas o nosso bem-estar e principalmente dos nossos filhos também devem entrar na ponderação das nossas decisões. Sim, erros cometem-se e desculpam-se, mas a insistência no mesmo erro, com prejuízo para a nossa saúde e vida e também pelo dos outros que sem culpa, sofrem também com as nossas decisões, tornam-nos provavelmente loucos e sem discernimento.

Amar é importante, mas viver também.

 

E assim, acabo mais um livro, do qual retiro uma importante lição. As decisões devem ser ponderadas entrea razão e o coração, não apenas para o nosso bem, mas também pelos que nos rodeiam. Este é o verdadeiro sacrifício do amar.

 

A todos, boas leituras.

publicado por Alvaro Faustino às 11:40

12
Mai 13

 

Por onde começar com a opinião do livro Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra no Mar de António Lobo Antunes? Nem sequer sei bem. A estrutura do livro é dividida como uma corrida de toiros com os seus tércios e sortes supremas. A acção passa-se no Ribatejo numa quinta de toiros e pelo que se entende, no leito da morte da mãe num Domingo de Páscoa ás três da tarde. A história vai passando como se fosse contada por cada um dos irmãos e pela própria mãe. Embora seja uma história de uma família, corremos o risco de pensar que é uma história pela qual o autor passou, tal são as vezes que fala de si mesmo no livro.

Desde o vício de jogo do pai no Casino que arrasa a fortuna da família, passando pela doença e morte da mãe, pela história de cada um dos irmãos e seus nascimentos e acabando pela nunca reconhecida meia-irmã da falecida mãe que tinha o papel de governanta da casa e cuidava dos filhos, é um livro para se ler com atenção e mesmo assim corremos o risco de ficarmos confusos durante o desenrolar da história.

 

Pessoalmente não gosto, por mais que digam que esta é a melhor história do autor e por muito que o titulo me seja chamativo. Muitos jogos de palavras, insinuações, meias-palavras, voltas atrás e voltas à frente, trocas de narrador, tornam o livro um pouco difícilde ler e compreender. É um livro para se ler com tempo, com cabeça e com atenção. Não é um livro de leitura fácil, até pelo contrário. É um livro para quem tem tempo de o ler lentamente e bem atento às palavras e frases que compõem a história, que não deixa de ser uma história interessante sobre uma família, os seus problemas, os seus sonhos, pesadelos e vivências, tão reais em outras famílias por esse mundo fora.

 

Boas leituras.

publicado por Alvaro Faustino às 14:47

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