Ainda agora o ano começou e o trabalho também, já gozava umas férias. É que sem a equipa que trabalha comigo, o trabalho fica muito atrasado e devido a isso, quando recomeçamos, temos de trabalhar a dobrar para conpensar o tempo perdido. Com a minha esposa é igual ou pior. Sendo ela responsável por um local de trabalho, o trabalho para além de fisico é igualmente mental. muitas contas de pesos, paletes e caixas, mais os tempos de produção e produto rejeitado. Por isso as contas aqui por casa são por minha conta.
Devido a isso estávamos a pensar que pela altura da Páscoa poderíamos viajar um pouco pela Europa. Juntando o útil ao agradável, pensámos visitar a Suiça, uma vez que temos lá familia. Reviamos os familiares e visitávamos o país.
Mas pela conversa que tive hoje com o meu patrão, é melhor adiar a viagem. É que ele está à espera, esta semana, de uma resposta de um trabalho para a demolição de uma estufa. Nada de mais, mas o problema é que a estufa é na Inglaterra e o trabalho é para, pelo menos, 4 semanas. A estufa tem cerca de 9 hectares e nós temos um ritmo de trabalho de 1 hectare por cada 4 dias de trabalho. Outro problema é que o trabalho é para ser realizado em Março e este ano a Páscoa é nesse mês. Mas bem vistas as coisas, até nem se pode dizer que seja um problema, afinal vou viajar pela Europa na mesma, embora sozinho, com a bonificação de não pagar passagens e ainda ganhar dinheiro com isso.
E no meio disto tudo, ainda tenho outro bónus. Caso o cliente goste do trabalho, dará um contrato de exclusividade á minha empresa. E esse contrato inclui demolição de estufas em Portugal.
Quer dizer, vim para a Holanda porque o trabalho e os salários em Portugal andam pelas ruas da amargura, e chega ao fim vou lá parar na mesma, mas pelo menos a ganhar o salário holandes. Ainda não contei esta á minha esposa, mas quando lhe contar não sei se irá gostar. A ideia de ter que ficar sozinha na Holanda e eu em Portugal a trabalhar não é uma coisa que entre facilmente na cabeça. Quer dizer, emigramos os dois para a Holanda para ficarmos juntos e agora, provavelmente, eu tornarei a emigrar, mas desta vez sozinho e para Portugal estando eu também emigrado na Holanda. Estão a perceber a ideia.
Logo se verá. Tirando as brincadeiras, a verdade é que amo muito a minha esposa e estas viagens e mudanças sozinho enquanto ela fica aqui sozinha também não me agradam muito. Não que não confie nela, não se trata de um caso de confiança mas sim de conhecimento. É que eu conheço-a e sei por isso, que ela ama-me igualmente muito e isto a acontecer, também lhe irá custar muito.