Toda a gente ficou em casa e relembrou o dia 1 de Dezembro. Não precisarei de dizer o porquê desse feriado. Pelas minhas voltinhas por a internet, pude verificar que a maioria das pessoas sabem o que aconteceu nesse dia de 1640. Mas será que alguém questiona se o feriado é justo ou é mais um feriado para aproveitar. Não, eu acho que este feriado deverá continuar a existir. Mas igualmente deveria existir outro, para mim muito mais importante para Portugal. Se os políticos vierem agora dizer que "não pode ser. Seria muitos feriados no país e bláblá blá". Pois eu digo que não se preocupem, apenas temos de colocar o 15 de Agosto um dia antes. Quem nunca ouviu falar da Padeira de Aljubarrota:
"Brites de Almeida não foi uma mulher vulgar. Era feia, grande, com os cabelos crespos e muito, muito forte. Não se enquadrava nos típicos padrões femininos e tinha um comportamento masculino, o que se reflectiu nas profissões que teve ao longo da vida. Nasceu em Faro, de família pobre e humilde e em criança preferia mais vagabundear e andar à pancada que ajudar os pais na taberna de donde estes tiravam o sustento diário. Aos vinte anos ficou órfã, vendeu os poucos bens que herdou e meteu-se ao caminho, andando de lugar em lugar e convivendo com todo o tipo de gente. Aprendeu a manejar a espada e o pau com tal mestria que depressa alcançou fama de valente. Apesar da sua temível reputação houve um soldado que, encantado com as suas proezas, a procurou e lhe propôs casamento. Ela, que não estava interessada em perder a sua independência, impôs-lhe a condição de lutarem antes do casamento. Como resultado, o soldado ficou ferido de morte e Brites fugiu de barco para Castela com medo da justiça. Mas o destino quis que o barco fosse capturado por piratas mouros e Brites foi vendida como escrava. Com a ajuda de dois outros escravos portugueses conseguiu fugir para Portugal numa embarcação que, apanhada por uma tempestade, veio dar à praia da Ericeira. Procurada ainda pela justiça, Brites cortou os cabelos, disfarçou-se de homem e tornou-se almocreve. Um dia, cansada daquela vida, aceitou o trabalho de padeira em Aljubarrota e casou-se com um honesto lavrador..., provavelmente tão forte quanto ela.
O dia 14 de Agosto de 1385 amanheceu com os primeiros clamores da batalha de Aljubarrota e Brites não conseguiu resistir ao apelo da sua natureza. Pegou na primeira arma que achou e juntou-se ao exército português que naquele dia derrotou o invasor castelhano. Chegando a casa cansada mas satisfeita, despertou-a um estranho ruído: dentro do forno estavam sete castelhanos escondidos. Brites pegou na sua pá de padeira e matou-os logo ali. Tomada de zelo nacionalista, liderou um grupo de mulheres que perseguiram os fugitivos castelhanos que ainda se escondiam pelas redondezas. Conta a história que Brites acabou os seus dias em paz junto do seu lavrador mas a memória dos seus feitos heróicos ficou para sempre como símbolo da independência de Portugal. A pá foi religiosamente guardada como estandarte de Aljubarrota por muitos séculos, fazendo parte da procissão do 14 de Agosto."
in www.lendasdeportugal.no.sapo.pt
E nós que não comemoramos o nascimento do nosso país. Mas comemoramos as revoluções. Não comemoramos uma alegria como o nascimento de um país, mas comemoramos os dias das revoluções, que geralmente aconteceram por causa de coisas tristes e sangrentas ou violentas. Comemoramos os dias santos, que ninguém sabe bem para que servem, mas não o fazemos com a coisa que nos facultou a nossa Nacionalidade. E não venham dizer que o 10 de Junho serve para isso. Para além de ser o dia em que Camões nasceu ou morreu, agora não me lembra, não vejo que mais tenha acontecido nesse dia em outros anos, que faça com que tenhamos de o comemorar. Não tiro mérito ao homem, mas se é para comemorar apenas por causa disso, isso já acontece com o que fazemos com os dias Santos. E já agora que gostamos de comemorar lutas, alguém sabe o que aconteceu no dia 9 de Abril de 1918?