Porque sem ele, não teríamos saído da Idade da Pedra. Com amor, respeito e opinião tudo se resolve, tudo evolui...

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Out 12

Chego à Holanda no ano de 2006. Ás 17h30, enquanto conduzo os últimos quilómetros de auto-estrada, vejo a cidade de destino em frente: Rotterdam. Entro, pelo lado sul, pela Dorpsweg em Charlois e logo ali tudo me parece diferente daquilo que estava habituado. Perto do Maastunnel estaciono finalmente pela última vez nesta viagem de Portugal à Holanda. Estou exausto, foram dois dias de viagem num pequeno Clio com a minha esposa e mais um conhecido e as nossas tralhas, apenas eu como condutor. Espanha não pareceu longa, talvez ainda pela frescura da viagem, mas assim que entramos em França e passamos Bordeaux, já noite, o cansaço começa a apertar e mais à frente durante a já madrugada, o nevoeiro vem dar uma ajuda à perigosidade da situação. Achei por bem parar, apenas para fechar os olhos por algumas horas, retomando a viagem já de manhã cedo, com o dia ainda a despontar do horizonte. Uma refrescada à cara, esticar as pernas, comer algo e beber uma bebida quente e a viagem continua. Passamos Paris por volta das 13h00, passamos a Bélgica horas depois e finalmente ás 18h00 locais chegamos ao nosso destino.

Ficamos instalados na casa da empresa, gentilmente partilhada connosco por quem já lá vivia e nos arranjou a oportunidade. Os dias seguintes foram passados a conhecer as redondezas, a tratar de tirar o SoFinummer para podermos trabalhar, a abrir a conta bancária e a conhecer as nossas tarefas e obrigações no trabalho. O seguro, esse ficou para mais tarde. Iria arriscar trabalhar sem seguro, uma despesa alta para quem recomeça uma vida aqui.

 

Comecei por fazer algumas limpezas nas estufas, com um horário das 7h00 ás 17h00, com duas pausas de 15 minutos na meia manhã e meia tarde e uma pausa de 30 minutos para almoçar. A época baixa tinha acabado de começar e como tal, nem sempre alcançava as 40 horas semanais e com muitas mudanças a meio da semana para outras estufas, mas este era o trabalho que me estava destinado para já. Fiquei responsável também pelo transporte dos colegas portugueses que comigo trabalhavam. Era bom porque me garantia uma maior facilidade de me manter no trabalho, já que ter carta e disponibilidade de conduzir eram coisas que a empresa procurava. Por outro lado, ter de acordar ás 4h30/5h00 para iniciarmos a nossa ronda pelas várias moradas, numa altura do ano que o frio começava a fazer-se sentir e eu nada habituado a estas condições e onde as horas diurnas eram cada vez mais pequenas, eram factores contra. O trabalho pelo menos era abrigado, pesado, sujo, onde não entendia uma palavra de holandês, apenas aquelas coisas que se aprende quando se chega a um país novo, como o "dank je wel" ou o "tot morgen", mas pelo menos não se apanhava chuva ou neve que caísse e com o inglês fui aprendendo e conversando com os holandeses.

Estranhei um pouco a condução na Holanda e principalmente na cidade, não conhecia as ruas, as avenidas, os melhores caminhos a tomar. Depois tínhamos o problema da circulação das bicicletas, das suas prioridades na rua, o trânsito caótico e filas intermináveis da cidade. Tudo isto fez com que ás vezes houvessem situações mais azedas, não com quem circulava na estrada, mas sim com quem circulava comigo dentro do carro da empresa. - Porquê que as pessoas em vez de ajudarem, darem a conhecer alternativas, nos criticam tão severamente e nos deixam ainda mais nervosos do que já estamos por não conhecermos as coisas? - Perguntava para mim mesmo. Mais tarde, consegui um GPS para me ajudar na navegação, a quem agradeço aos meus companheiros de habitação.

 

Entretanto chega o Natal e com ele a vontade de o passar com a família, saudade era um sentimento com o qual ainda não sabíamos como lidar.  Não passou muito tempo desde que começamos ambos a trabalhar a ganhar á volta de 200 Euros por semana, a pagar a nossa nova vida aqui e as obrigações que deixamos em Portugal, mas conseguimos juntar algum para viajarmos de volta e passar o Natal com a nossa família.

A viajem de regresso começou a 21 de Dezembro e também se fez de automóvel, desta vez com a minha esposa e mais dois colegas que trabalhavam connosco na empresa e mais um carro, das pessoas que vivam na mesma casa. Como as malas a transportar eram menos, houve espaço para mais um, até para ajudar nas despesas da viagem. E que má experiência tive na viagem.

Devido ás condições atmosféricas na França, a poucos quilómetros da fronteira com a Espanha, o carro tem uma avaria que o impossibilita de andar. Estávamos na França, sem transporte e com o seguro em Portugal a dificultar-me a vida. Com voos e carros para alugar esgotados devido a um grande acidente em cadeia, fomos obrigados a pernoitar num hotel e esperar pela manhã, a chegada de um carro enviado de Portugal pelo seguro. Chegamos a casa, em Portugal na tarde de 24 Dezembro, felizmente ainda a tempo de passarmoso primeiro Natal em Portugal como emigrantes, na companhia da família.

publicado por Alvaro Faustino às 15:45

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