Porque sem ele, não teríamos saído da Idade da Pedra. Com amor, respeito e opinião tudo se resolve, tudo evolui...

30
Jan 13

 

Não sei como lhe chamar, mas hoje como de propósito, dia dos meus anos, vi uma situação na auto-estrada que me deixou revoltado e a pensar na porcaria de sociedade em que vivemos, seja ela holandesa, portuguesa ou outra qualquer.

 

Ora hoje tivemos uma manhã de chuva, mas à tarde lá apareceu o sol a dar o ar de sua graça. Sendo que saio do trabalho às 15:30, depressa cheguei à auto-estrada com o piso ainda molhado... e o Sol a brilhar forte de frente e já algo baixo. Detesto esta receita. Sol forte de frente e piso ainda molhado. São simplesmente dezenas de sóis a cegar-nos e a dificultar-nos a condução, pelo reflexo que faz no piso e nos carros que seguem à nossa frente. Por isso, lá fui eu com o máximo cuidado que podia e depois de entrar na A4 e já perto de Schiphol, deparo-me com um Mercedes 240D, de cor preta. Uma autêntica máquina de guerra devo dizer. Mas o condutor ia na verdade muito devagar. 70 Km/h para ser exacto, o que causava transtorno a quem seguia atrás e embora na faixa da direita, a pressão do trânsito mesmo aquela hora e com mais três faixas de rodagem é grande e começou a criar abrandamento.

 

Pois foi a partir daqui que começou a situação. Enquanto me mantinha atrás daquele carro à espera de uma aberta segura para poder ultrapassar, quase todos os carros que o conseguiam, ao passar pelo velho Mercedes buzinavam, ponham-se a mandar vir com o condutor ou cortavam a ultrapassagem com tangentes à frente do carro, causando ainda mais dificuldade ao condutor e perigo a todos os que seguiam na via. Sim, é verdade, 70 Km/h numa auto-estrada é pouco mas bem dentro da Lei. Mas lá chegou a minha vez de ultrapassar e ao fazê-lo não pode deixar de olhar para a pessoa que ia a conduzir. Não procurava dizer nem fazer nada, apenas ultrapassar e seguir a minha vidinha e é aqui, quando olho para o pobre homem, que me revoltou tudo o que tinha visto até então.

 

Ao volante seguia um homem, já bem nos seus mais de 75 anos, com os seus óculos retro, completamente colado com a cara no vidro, as duas mão firmemente agarradas ao volante e uma expressão de visível dificuldade e esforço em conseguir conduzir com um piso molhado, pára-brisas constantemente a sujar-se com a água que saltava e os reflexos do Sol, brilhantes e fortes, vindos dos vidros, chapas e do próprio Sol que lhe estavam à frente.

 

Deixou-me simplesmente revoltado pensar que toda aquelas pessoas que se indignaram com o velho senhor, no seu velho Mercedes, não pararem para pensar na situação. Estamos todos simplesmente preocupados com os nossos problemas, com os nossos objectivos.

Circulamos sempre com pressa no nosso dia a dia, indiferentes ao que se passa à nossa volta. Simplesmente não abrandamos na nossa vida e olhamos para o lado para ver as dificuldades e problemas alheios. Queremos seguir a todo o custo para a frente, com pressa, sem ninguém no caminho, indiferentes, sem olhar, sem pensar.

 

E o único desfecho no futuro é sermos um velhotes, já bem nos nossos mais de 75 anos, com óculos retro, completamente colados com a cara no vidro, as duas mãos firmemente agarradas ao volante e uma expressão de visível dificuldade e esforço em conseguir conduzir com um piso molhado, pára-brisas constantemente a sujar-se com a água que salta e os reflexos do Sol, brilhantes e fortes, vindos dos vidros, chapas e do próprio Sol que nos está à frente e como extra, levar com a indiferença e falta de solidariedade dos apressados.

publicado por Alvaro Faustino às 22:20

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